Governo americano investe alto na educação da abstinência
Dois adolescentes bebem água em canecas, cospem de volta e depois as trocam, sendo então orientados de que isso equivale à troca de fluidos corpóreos. Parece piada (para não ser mais ofensiva) mas o “jogo da caneca” faz parte das demonstrações realizadas em Indianópolis, EUA, pelo grupo Peers, defensor da castidade e formado por jovens. Além dele, existe pelo menos uma dúzia no país como A Promise to Keep, Worth to Wait e True Love Waits que ajudam o governo americano a promover a campanha pela abstinência sexual.
Cartões com votos de virgindade viraram acessórios obrigatórios na carteira dos adolescentes. O grupo Silver Ring Thing (algo como Moda do Anel Prateado) vende até alianças de castidade por US$ 12 nas festinhas que promove. E o conceito de “virgem secundária” ou “renascida” foi criado para as garotas que se arrependeram depois de terem feito sexo e querem aderir a causa. De acordo com uma lei, escolas de 20 estados só podem falar de abstinência quando promoverem algum tipo de educação sexual. E os métodos contraceptivos são discutidos em 14 dos 50 estados, mas ainda assim apenas as limitações são enfatizadas.
É fato que dentro do grupo de paises industrializados, os EUA têm a maior taxa de gravidez. O governo Bush no desespero vai investir US$ 170 milhões na educação da abstinência em 2005. Mas dá para acreditar que esta é a melhor solução? O parlamentar democrata Henry Waxman descobriu que 80% dos currículos sobre abstinência têm dados equivocados. Eles tratam estereótipos como fatos científicos, confundem ciência com religião e ainda insinuam que o HIV pode ser transmitido por suor e lágrimas.
Os adolescentes norte-americanos estão preferindo fazer sexo oral e não o ato sexual completo porque acreditam ser menos arriscado e os mantém virgens. Foi o que constatou um estudo publicado no início de abril pelo médico Bonnie Halpern-Felsher, professor de Pediatria da Universidade da Califórnia. Mesmo com o perigo de transmissão de doenças venéreas e da AIDS, os jovens não ligam para os riscos. As universidades Yale e Columbia realizaram uma pesquisa em 2004 e concluíram que a taxa de DST era a mesma para comprometidos ou não com a abstinência. Me parece muito claro que uma campanha como essa só serve para deixar a juventude norte-americana mais desinformada do que já é em relação ao sexo e o que é pior, com repulsa à sua própria sexualidade.
postado por Tess Chamusca | 3:37 PM
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