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sábado, novembro 24, 2007

Camisinha feminina - buscando razões para sua baixa popularidade

Há alguns meses me dei conta de que, mesmo tendo visto diariamente uma vagina de acrílico preenchida com uma camisinha feminina no meu antigo local de trabalho, eu simplesmente nunca tinha me interessado em usar o tal preservativo. Na época, pareceu um absurdo, uma falta de comprometimento, já que a mídia, no período da chegada do novo método contraceptivo no Brasil, vendeu o invento como símbolo da emancipação sexual feminina.

Será que eu era mesmo descompromissada? Perguntei às mulheres do meu ciclo social se elas já tinham passado pela experiência, e não escutei sequer uma resposta afirmativa! A essa altura, além de usar a camisinha, eu também queria entender as razões de sua baixa popularidade. Em Salvador, ela é vendida apenas nas Farmácias Sant’ana. E, ainda assim, na maioria das drogarias pertencentes à rede você encara um “a gente vende, mas não tem”. Só consegui encontrar o produto no shopping Iguatemi e olha só o susto, duas camisinhas custam R$ 13,65!

Desde que foi criado, nos anos 90, o preservativo feminino só é fabricado pela empresa que a desenvolveu, a Female Health Company. E no nosso país, a DKT, distribuidora das camisinhas masculinas Prudence e Affair, é a única que fornece a versão feminina do produto (L’amour). Daí a razão dos preços caríssimos, que variam em até 100%.

Não houve sucesso comercial e os esforços acabaram se voltando para um grupo específico, formado por prostitutas, portadoras do HIV e parceiras de maridos machistas que costumam recorrer à rede pública de saúde. Mesmo entre as chamadas mulheres em situação de vulnerabilidade, a camisinha não foi adotada com tanta satisfação. Elas precisam de um método que não seja notado já que, ao perceberem o preservativo, muitos companheiros se recusam a ter relações sexuais.

Em Salvador, a aceitação não tem sido tão grande. De acordo com Sulamita Meneses, gerente do Centro de Orientação e Apoio Sorológico municipal (COAS), apenas cerca de 20% das mulheres continua utilizando o preservativo depois de terem sido orientadas.

O sexólogo carioca Adalberto Barbosa argumenta que há “uma falta lastimável de processos educativos motivadores a plena conscientização das novas gerações sobre a importância em se lançar mão desse tipo de preservativo”.

O fato é que não é possível fazer programas abrangentes de incentivo ao uso junto à população feminina quando não há estrutura para atender a um grupo maior de pessoas. Segundo Meneses, as mulheres que vão até o COAS em busca do preservativo precisam passar por um aconselhamento criterioso (orientação coletiva, transmissão de um vídeo e encontro individual posteriormente) porque os custos são muito elevados e é necessário ter certeza que o recurso preventivo vai mesmo ser utilizado.

“É um negócio feio. Acho até que seja brochante”. O comentário, feito pela administadora Patrícia Kalil, revela que, por mais que a camisinha feminina seja tão efetiva quanto a masculina, questões estéticas também motivam a baixa popularidade do produto entre as mulheres. Não há duvida de que o preservativo masculino é muito mais anatômico. Além de sua colocação ser mais trabalhosa, a versão feminina deixa a impressão de que existe algo permanentemente folgado (afirmo com conhecimento de causa!).

Pensando nisso, a ong Path, situada em Seattle, Estados Unidos, decidiu criar um design diferenciado para o produto.


No entanto, ainda não houve aprovação da FDA, agência americana que regula a comercialização de fármacos e alimentos. Os testes clínicos exigidos pelo controle de qualidade custariam até US$6 milhões à Path, dinheiro que a ong não possui. E, mesmo com a liberação, os custos não diminuiriam, já que a matéria-prima utilizada na nova camisinha é mais cara que o látex empregado nos preservativos masculinos.

postado por Tess Chamusca | 11:51 AM

2 Comentários:
Blogger Evelling disse...

Curioso!
Eu falei disso essa semana que passou.
Principalmente porque, como designer, estava estudando produtos que precisam de alguma melhoria.

Eu nunca usei esse método, mas nunca encontrei na Farmácia (bom saber do Iguatemi).

Como mulher, eu devo concordar: ela é feia e parece que tem algo "esquisito" saindo de vocÊ. Foi a impressão que tive ao ver a moça numa demonstração.

O probelma, ao meu ver, da camisinha masculina ser mais popular é que ela vem evoluindo a séculos. Seu formato mudando muito pouco. Isso gerou uma certa, comodidade coletiva. Isso é assim, por que sempre foi assim.

Mas sem ficar divagando. Bom texto Tess.

19:28  
Anonymous Anônimo disse...

Apesar do aspecto um tanto esquisito, eu aprovo totalmente a camisinha feminina, usei com meu ex-marido, quando ainda era meu marido...rsrs, ele também aprovou e achou até mais confortável.Usei apenas uma vez porque não se encontra nem nos postos de distribuição, nem nas farmácias. O que eu mais gostei é que não precisa esperar a ereção do homem para colocar, podendo introduzir na vagina antes da brincadeira esquentar. E por que não pedir para que ele coloque em você? Seria ótima se ela se tornasse mais popular, assim cairia o preço, como celular ou qualquer outro produto que com o tempo fica acessível a todos.

00:26  

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