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domingo, abril 20, 2008

Travestis na mídia - surgem abordagens positivas

Ao ler o jornal A Tarde de hoje, me entristeceu saber do falecimento da travesti Paulina, 25 anos, que foi arrastada cerca de 50 metros por dois homens que estavam em um carro na cidade de Feira de Santana.

Mas, outra coisa, além da barbaridade do fato, ocorrido no início dessa semana, despertou meu interesse. A notícia não foi dada em uma notinha da página policial e sim em uma digna matéria de duas colunas e oito parágrafos, acompanhada de foto da vítima.

Não é só uma questão de espaço que, de qualquer forma, já é um indicativo da importância atribuída ao acontecimento. Sem preconceito ou preguiça na apuração, os repórteres Alean Rodrigues e Sandro Lobo falaram cuidadosamente sobre como Paulina foi agredida (os homens aproximaram o carro e fingiram ser clientes) e sobre a negligência médica no atendimento dado à travesti no Hospital Geral Clériston Andrade, que pode ser processado.

Enfim, é bom saber que a mídia está modificando sua abordagem em relação a esse grupo, já tão estigmatizado e marginalizado na nossa sociedade. Aqui está a matéria publicada no A Tarde.

Travesti morre vítima de agressão e negligência

Hebert Pereira da Silva, conhecido como Paulina, 25 anos, não resistiu aos ferimentos de que foi vítima há seis dias, quando dois homens em um carro o arrastaram por cerca de 50 metros numa rua central em Feira de Santana, a 110 km de Salvador, e faleceu ontem de madrugada.

Apesar da gravidade da agressão, Paulina teve alta no mesmo dia (14) em que foi atendida no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA). Seu corpo foi enviado ontem à tarde para Teresina (PI), de onde ele havia chegado havia seis meses, junto com a mãe, com quem vivia.

Embora o médico, de prenome André, tenha dito aos amigos, familiares e imprensa que a vítima estava bem do ponto de vista ortopédico no dia em que foi atendida, um dos peritos do Instituto Médico Legal (IML) de Feira informou ela apresentava quatro costelas quebradas e hematomas em vários órgãos. A suspeita geral é que Paulina tenha sofrido hemorragia interna nos dias seguintes à agressão.

NEGLIGÊNCIA – Familiares e amigos acham que houve negligência médica no atendimento.De acordo com o presidente do Glich – Grupo Liberdade Igualdade e Cidadania Homossexual, Rafael Carvalho, houve um caso semelhante ocorrido em 2003.“Foi quando Pureza [um travesti cujo nome de batismo era Roberto] foi baleada, atendida e liberada, como se estivesse tudo bem.Morreu dois dias depois”, relembra o militante.

No caso de Paulina, a agressão configura crime de ódio ou homofobia: a vítima foi atraída por dois homens a um carro azul, com uma avaria no fundo. Eles fingiram que queriam saber o preço do programa. “Um deles segurou no cós da minha calça e aí começaram a me arrastar”, disse ela, em entrevista a A TARDE, no dia seguinte à agressão, que resultou em vários ferimentos, principalmente na cabeça e rosto, além de pancadas pelo corpo – daí a suspeita de hemorragia interna como causa da morte.

Rafael Carvalho afirma que chegou a questionar ao médico se não era melhor que a vítima ficasse internada, já que sentia várias dores e pouco se movimentava, mas foi informado que não havia necessidade. “Esse André disse que o Hebert teve apenas ferimentos superficiais, que estava tudo bem e que não teria nenhuma seqüela”, denuncia.

A vítima foi enviada para casa, mas continuava reclamando de dores, principalmente na parte das costelas. Anteontem à noite, foi levada para o HGCA, com febre alta e dores no tórax. Os médicos o examinaram e detectaram que era necessário fazer uma cirurgia, mas não informaram o motivo. Hebert não chegou a ser operado.

DISCRIMINAÇÃO – “Se o médico garantiu que tinha feito vários exames, como é que não viram as costelas quebradas? O que ficou comprovado é que não houve o atendimento certo e acredito que foi discriminação por ele ser um travesti”, acusa Rafael. Na próxima terça-feira, ele vai se reunir com familiares da vítima e decidir se vai prestar uma queixacrime contra o hospital.

A TARDE tentou falar com o diretor do HGCA, Eduardo Leite, mas foi informada que ele estaria viajando e o telefone celular estava na caixa de mensagem. Uma queixa foi prestada na 2ª Delegacia, onde um inquérito foi instaurado, mas não foi possível checar o andamento das investigações devido à micareta. “Havia duas outras pessoas com ele que podem ajudar a identificar os agressores, é só a Polícia Civil agir com boa vontade”, afirma Rafael Carvalho, do Glich.

postado por Tess Chamusca | 9:31 PM

2 Comentários:
Blogger Rafael disse...

Eu não sei o que dizer diante de um crime tão bárbaro. É abominável.

Esse tipo de atrocidade me faz sentir vergonha de ter qualquer tipo de coisa em comum com esse tipo de mostro.

Achar que isso pode ter sido cometido por uma pessoas... Dá vontade de não ser uma... Se acreditarmos que se um ser humanos é capaz de fazer uma coisa assim, então nos deveríamos ser algo melhor.

...

11:25  
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